Deixa ser como será

Talvez tenha interpretado tão mal suas palavras, quanto ela me interpretou.
Nossos olhos abriram uma brecha no tempo e reviramos nossas lembranças trazendo de volta o passado de um modo que, particularmente, não havia visto. Percebi que algumas fotos estão perdendo a cor, algumas peças ainda não estão bem encaixadas e, que ao ler isso, provavelmente ela vai me entender mal mais uma vez.
Eu achava tudo tão bonito como era, por mais que fosse ou deixasse de ser. Eu gostava assim, aliás, só pra ficar mais claro, eu ainda gosto!
Eu só me perdi com a organização do tempo da coisa, só isso!
Mas como disse outrora, a melhor parte de tudo isso é que temos o dia inteiro pra aprender e, como diria meu xará, “se eu péco é na vontade de ter um amor de verdade”. Não que não sejamos um, muito pelo contrário, mas a vontade de viver isso intensamente para sempre é tão grande que... “fere e cansa”.
Se fosse outro tempo, hoje eu pediria desculpas... Mas dessa vez não!
Dessa vez eu prefiro contar que era domingo, fazia sol e ela vestia uma mini saia e bota de couro, como a muito tempo não faz. Ela me ligou e marcamos de se encontrar em frente à igreja. Ela foi no seu e eu no meu. Cheguei de mansinho pra que não me visse, até desliguei as chaves. O coração dava “pala” do meu nervosismo e de fato já sabia o que fazer. Conversamos o suficiente pra “esclarecermos” a nós mesmos que queríamos um ao outro e foi então que me despedindo em um rápido e único beijo eu a disse sem que pudéssemos ouvir: “deixa ser como será”.